Live From Hell
Gritos, correria, mais gritos...vindos de toda parte, a rua estava tomada.
Encolho-me na cadeira, vou rápido até o controle do volume, subo o gráfico sem dó.
É tempo de zelar pela minha sanidade mental.
Os fones de ouvido vibram como nunca mas é minha única chance. É melhor tímpanos doendo por uma música do que por gritinhos estridentes.
Crianças, muitas delas. Não sei o número ao certo, mas se exagerasse no palpite, seria uma aproximação baixa.
O point da molecada é próximo a uma casa de janelas marrons.
Não muito longe de mim, já que vejo essas janelas pelo lado de dentro.
Como se não bastasse, meu quarto é o da frente.
É viver o tormento na primeira fila.
Definitivamente, não é a mais legal das situações.
Nada contra a infancia alheia, que pulem e esperneiem, desde que o poder dos seus pulmõezinhos ecoe para outras bandas.
Minha bem-aventurança pode até tolerar 2, 3 remelentas no maximo, mas aqui parece uma creche a céu aberto.
Desejo de coração que todas ganhem videogames, voltem pra seus lares, e que expressem seu amor a mamae e papai em notas cada vez mais agudas...somente os responsáveis vindo a pagar o preço, amém.
E há os cachorros de rua. Também não são em pequeno número, já cheguei a contar 10 uma vez, ajuntados num grupinho. Parecia uma procissão. Latem o tempo todo, seja dia, noite, madrugada...eh muita encheção de saco.
A prefeitura deveria recolher esses cachorros e se não tem como tratá-los, que pelo menos desenvolvam um programa profissionalizante, onde eles possam ser adestrados, aprender uns truques bacanas, para que venham a ganhar a vida com dignidade.
É degradante para eles, terem q ficar vagando pelas ruas, se submetendo a expressões de pena e abandono para apelar ao lado emocional de um ser humano. Com um treinamento apropriado, eles podem fazer seus próprios shows em troca de alimentação, numa relação justa e responsável com a sociedade.